Vídeo - Avaliação da Aprendizagem com Cipriano Luckesi e síntese da entrevista.
- diariodaavaliacao
- 28 de mai. de 2016
- 5 min de leitura
No vídeo abaixo, Cipriano Luckesi, um dos maiores autores sobre Avaliação da aprendizagem no Brasil, fala exatamente sobre o tema, apontando a atual conjuntura da prática docente quanto ao processo de avaliação escolar. Em seguida, apresentamos uma síntese completa do vídeo, no qual aponta mais detalhes sobre cada abordagem levantado por Luckesi na entrevista da série Encontros. Veja o vídeo e em seguida leia a síntese para uma melhor compreensão.
Síntese do Vídeo
A Avaliação da Aprendizagem – Cipriano Luckesi – Série encontros
A avaliação é um tema polêmico visto pelos educadores brasileiros. É um assunto bastante discutido em círculos de profissionais da educação, principalmente pelas diversas interpretações que são feitas sobre esse tema. Luckesi traz essa discursão em uma entrevista para que se possa entender o funcionamento da avaliação dentro do ambiente escolar.
Luckesi começou a estudar o processo de avaliação escolar a partir de 1968, enquanto era aluno universitário. Em 1976, ele deixou de trabalhar com as questões técnicas da avaliação e começou a estudar a parte mais sistemática, como política e psicologia da avaliação.
A avaliação da aprendizagem é uma especificidade da avaliação em si. Nesse ponto, a avaliação funciona em todas as áreas. Avaliamos a todo o momento e em diversos lugares. O objetivo do ato de avaliar é exatamente diagnosticar uma experiência e ter um resultado mais satisfatório. Luckesi cita um exemplo claro sobre o ato de avaliar ao citar um médico que verifica e avalia o estado de saúde um paciente específico e, a partir de sua avaliação, aplica um diagnóstico para obter os resultados positivos na saúde de seu paciente. Na avaliação da aprendizagem, o caminho é o mesmo: o objetivo é propiciar decisões para ter resultados satisfatórios.
Nas escolas, a avaliação é praticada porque temos um sistema que é praticado dentro da escola. Esse sistema é responsável por trazer a utilização do boletim escolar, provas e exercícios para o ambiente escolar. No entanto, é preciso entender que a prática de avaliação é confundida com o ato do exame, este é a prática essencialmente trabalhada pela a escola. Tendo essa confusão apresentada aqui, também precisamos entender que elas são totalmente diferentes em suas finalidades.
Precisamos compreender melhor as diferenças entre a avaliação e o exame. Assim, levantaremos três das principais características que cada uma delas possui. As três características básicas do ato de avaliar é colocado por Luckesi da seguinte forma:
O exame é pontual: o que interessa nesse ponto é o que está acontecendo agora. Essa característica não se importa em ver o que o educando aprende antes ou o que ele poderá aprender depois. O que vale é de fato é o atual, o agora.
O exame é classificatório: A função do exame é o de classificar. É um sistema que atribui um estado de hierarquia. Coloca os melhores em notas no topo do ranking, enquanto exclui os com notas piores;
O exame é seletivo: outra função do exame é o selecionar. Ele coloca para fora os considerados menos aptos para se inserir dentro do ambiente escolar e inclui os que são julgados como aptos. Isso acaba excluindo do processo de aprendizagem uma grande parte da população.
As características da avaliação são bastante diferentes das apresentadas sobre o exame:
Ele não é pontual: a avaliação não está somente preocupada com o que acontece agora com o educando. Ele preocupasse em ver os fatores anteriores e os possíveis fatores futuros que aparecem no processo de ensino e aprendizagem;
A avaliação é dinâmica: a avaliação não classifica. Ela diagnostica o que está acontecendo para permitir a possibilidade de uma possível melhoria;
A avaliação inclui: ela não seleciona. Inclui todas as pessoas ao ciclo no processo de ensino e aprendizagem.
Luckesi ainda apresenta a postura do educador e explica que o docente deve ser, determinantemente, de avaliar e não de examinar. O educador deve permitir que o educando se desenvolva dentro do ambiente de aprendizagem. Dessa forma, o papel central do educador deve ser o de incluir.
O ato de avaliar é considerado pelo o autor com um ato amoroso ou um ato de acolhimento. Não pode ser confundido com sentimentos pessoais. O ato amoroso permite que o educando se torne mais independente, mais ciente de si.
Do ponto de vista histórico, a tendência para o exame vem desde a idade média. A pedagogia que predomina nas escolas atuais foi sistematizada no século XVI e XVII junto com a emergência da sociedade burguesa. Essa sociedade se construiu a partir do século XIII. A escola que nós conhecemos hoje, está sistematizada na escola do século XVI, assim como o modelo do exame escolar, baseado na doutrinação imposta pela Igreja Católica.
.Tendo em vista esse embasamento histórico que o exame herda no processo de aprendizagem nas escolas atuais, gera autoritarismo para o professor, que utiliza de seu poder no ambiente escolar para trabalhar em cima da ameaça diretamente feita ao educando.
No processo de avaliação da aprendizagem, o professor precisa utilizar de artifícios, gerando motivação para que o aluno preste atenção. Luckesi ainda coloca que é preciso utilizar o medo no aluno, porém um medo positivo que o motive a crescer dentro do processo de ensino.
O exame é um controlador disciplinar que outrora fora imposta a sociedade burguesa e hoje é herdado dentro dos ambientes escolares. A forma de examinar afasta o aluno do processo de aprender.
Mas afinal, o que se busca a verdadeira avaliação? Enquanto os exames estão colocados na pedagogia tradicional e tem como fundamento de que o ser humano é dado como pronto, a avaliação trabalha em cima da pedagogia construtiva, que permite o ser se construir ao longo do tempo. Vale deixar claro que a pedagogia construtiva não é a mesma coisa da pedagogia construtivista. A avaliação subsidia a construção. O ser humano é um ser em desenvolvimento.
Existem dois princípios apresentado por Luckesi: o formativo e organizativo. O princípio formativo é o eixo de autoconhecimento. Cada um de nós busca uma autonomia. No entanto, nenhum de nós, nos torna independentes e autônomos sozinhos. Precisamos da interação entre as pessoas. No princípio organizativo o educador tem um papel principal. Ele trabalha com o aluno, organizando os seus conceitos para permitir que cresça nele o princípio de autonomia.
O professor deve acolher o aluno independente de como ele seja. O professor precisa confrontar o aluno e diagnosticar o que está acontecendo e sinalizar positivamente de como ele deve se organizar e melhorar. O confronto não é um julgamento. Na pedagogia tradicional há um confronto ruim entre professor e aluno, mas na nova pedagogia esse confronto deve ser positivo.
Para avaliar, é preciso que se planeje, mas é necessário que o professor se sinta incomodado com o que ele faz. Assim possibilita a mudança sempre quando for necessário. A nota pode ser utilizada, mas deve ser apenas como função de registro.
O professor deve fazer o acompanhamento do processo na construção do conhecimento e precisa de instrumentos. Luckessi coloca os portfólios. As atividades que os alunos fazem são colocadas nos portfólios. Ele permite que o professor veja o que o aluno tem desenvolvido. Hoje tem os diários que permite ao educando escrever o que ele esta ou não aprendendo. O exame também deve ter o seu lugar.
REFERÊNCIA
CONSURSO PROFESSOR (EDUCAÇÃO INFANTIL E FUNDAMENTAL 1). Avaliação da Aprendizagem Cipriano Luckesi Série Encontros. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=NbHdgMGV1y0>. Acesso em 03 de Maio de 2016.
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